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Home Responsabilidade social

Testemunho de uma varginhense que sofreu na pele a agressão infantil

Marcus Madeira by Marcus Madeira
23 de maio de 2008
in Responsabilidade social
4

blogagem.jpg O blog publica uma série de matérias sobre violência infantil. Ano passado foram mais de dois mil casos oficiais de agressão a menores, em Varginha. Ninguém foi preso. Uma psicóloga falou sobre os motivos que podem levar uma pessoa a cometer esse tipo de crime. Hoje, o depoimento de uma varginhense que conviveu desde criança com um ambiente extremamente agressivo, chegou a sofrer abuso sexual do próprio pai, conseguiu dar a volta por cima e hoje tem uma família que é o oposto do que viveu na infância.

“Meu pai sempre foi um homem de má índole. Desonesto, querendo levar vantagem em tudo, não gostava de trabalhar. Acho que o problema está aí, no caráter da pessoa. Um homem que não tem caráter é capaz de tudo, assim como o pai da menina Isabella. Quando um homem perde as referências do que é certo e errado, ele perde o controle dele mesmo. Eu sofri não só com agressões físicas como também com abuso sexual. Meu pai sempre foi um homem violento, achava que tudo resolvia na pancada e fora isso tinha um sentimento enorme de inferioridade.
Ele se julgava inferior a minha mãe e a forma dele resolver isso era humilhando-a e agredindo, a ela e aos filhos. O problema na verdade era “ELE” e só dele. Não precisava de motivos para ser violento. Ele mesmo criava os motivos se eles não existiam de fato.
Além de tudo meu pai era alcoólatra. Foram anos e anos de agressões e tentativa de estupro aos 14. Nessa altura ele mesmo já tinha perdido a referência do que significava um pai pra um filho. O homem que faz isso, na minha opinião perdeu a noção de tudo.
A visão dele de autoridade e direitos e deveres era completamente distorcida. Eu posso resumir tudo dizendo que ele era um homem despreparado para a paternidade e os filhos e a esposa pagaram por isso. É claro que ficaram marcas irreversíveis na minha vida. Até na criação da minha personalidade, tanto pro bem quanto pro mal. Pela violência sofrida durante tantos anos, eu acabei perdendo boa parte da minha infância, da minha adolescência. Demorei muito tempo pra liberar a tensão que existia dentro de mim e acho que até hoje ainda carrego um pouco dela. Aquela tensão a que fomos submetidos por causa da presença perturbadora dele durante anos.
Acho que consegui sentir paz de espírito mesmo quando tive minha própria casa e lá era um território neutro, só meu, livre de qualquer lembrança. As marcas são tão profundas que um cheiro te remete a cenas de violência, uma frase, um gesto.
Tudo isso ficou marcado na minha memória.
Meu pai bebia e fumava e o cheiro que isso deixa na casa é insuportável pra mim. Qualquer lugar que estou que tem esse cheiro me lembra ele, é automático. Agora, outro dia li uma matéria que fala que cada um responde de uma determinada forma as agressões e traumas sofridos na infância. E eu acredito que isso seja verdade mesmo porque na minha casa é exatamente assim.
Eu me tornei uma feminista compulsiva (risos). Acredito que os homens tem pouca utilidade e que a salvação para o mundo é a mulher em todos os sentidos (ri).
Não, brincadeira. Mas eu desenvolvi uma personalidade não muito delicada eu diria. Tenho pouco de mulher carente, nada de submissa, fragilizada. Acho que poucas mulheres têm isso hoje, mas em mim sinto ser um pouco mais latente por causa da minha infância. Para mim só não foi uma tragédia tudo que eu vivi com meu pai porque eu “quis” dar a volta por cima. Essa também é a diferença. O trauma é inevitável, mas a forma como você trabalha ele pode ser escolhida. Eu não me entreguei e nem me coloquei no papel de vítima. Eu lutei contra a lembrança dele e tentei reescrever minha vida a partir da minha própria família.
Minha casa hoje é o oposto da minha casa na infância. Meu marido é o oposto de meu pai. Isso também me ajudou muito. Quando eu via minha mãe caída no chão por causa dos socos que ela levava dele na nossa frente eu tinha vontade de ter uma arma pra matá-lo e pode ter certeza que se eu tivesse eu atiraria sem remorso. Hoje vejo que isso não mudaria muita coisa. Eu só me igualaria a ele, aumentando a violência das nossas vidas. Hoje desejo que ele seja feliz, bem longe de mim e das minhas filhas. Isso eu não abro mão”.

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Comments 4

  1. Katia Marques says:
    13 anos ago

    Meu pai era alcóolatra, mas não era violento. Graças a Deus ele tinha boa índole…E olha que mesmo assim, fica o trauma que tem que ser revertido em amor!!!!Fazia mal à ele e a nós, pois tem muitas formas de se fazer o bem e o mal também…Porém não passamos por nenhuma cena de violência NUNCA, ele nos faltou a vida toda…morreu cedo, por conta da bebida

  2. Flavia says:
    16 anos ago

    Que Deus a proteja e sua vida seja cheia de bençãos
    Um abraço

  3. vincenners says:
    16 anos ago

    Você é uma pessoa de fibra, e espero que o passado não a impeça de ser feliz.
    Desejo que você receba e dê muito amor para os seus entes queridos.
    Eu gostaria que nessa semana de blogagem contra a violência infantil (qualquer tipo), o COMDEDICA participasse mais ativamente neste enfrentamento.

  4. PATRICIA says:
    17 anos ago

    é AMIGA eu sei o que vocé passou, o mais importante é a superaçaõ o perdaõ á liçaõ.

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