Juarez Rezende (*)
No último dia 17 de junho o Supremo Tribunal Federal finalizou um processo que se arrastava já há algum tempo sobre a exigência ou não do diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista no Brasil. Como a decisão é recente, muitos veículos de comunicação e empresas ainda não se posicionaram sobre o assunto. Há também um desencontro de informações sobre os motivos e objetivos desta discussão. (Muitos dizem que os beneficiados são os jornalistas práticos que já têm seus 30 ou 35 anos de mercado, dos quais estavam sendo exigidos os diplomas).Desconsiderando o mérito citado acima, o foco da discussão está um pouco distorcido. As grandes discussões são, no momento, como ficará a reserva de mercado para os jornalistas diplomados? E, e os não-diplomados, trabalharão somente com a prática adquirida desconsiderando a ética, as técnicas e os conceitos e conhecimentos em comunicação? Na verdade, estas duas questões são resolvidas com a mesma resposta: o mercado regula, como em qualquer profissão existente – com a exigência de diploma ou não. Se considerarmos as outras habilitações da Comunicação Social como Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Cinema, Comunicação Integrada, etc., nunca exigiram diploma para se exercer a profissão. Ainda dentro da área de Ciências Sociais Aplicadas, do administrador de empresas poucas vezes é exigido o diploma. Nem mesmo os profissionais da área de Ciências Exatas escapam: muitas vezes o Engenheiro de Computação e o Cientista da Computação são contratados em pé de igualdade com o Técnico em Informática. À exceção dos concursos públicos, onde, ao que nos parece, tudo vai continuar na mesma para todas as carreiras de ensino superior, a posse do diploma – ou não – não vai mudar a vida prática do jornalista. O mercado regula!Os bons e conceituados veículos e demais empresas que contratam jornalistas vão continuar exigindo diploma, pois consideram os conhecimentos e competências adquiridas na academia, fundamentais para o bom exercício da profissão. Já os veículos e empresas que não prezam estas competências já contratam pessoas, sem o devido diploma, hoje mesmo, e sempre o fizeram. Assim a liberdade de expressão, a democracia e a qualidade jornalística vão sofrer os mesmos impactos que sofrem hoje. Quanto ao mercado de trabalho, os profissionais medíocres, com diploma ou sem, vão continuar ganhando seus 465 reais por mês (até que sejam demitidos) e os bons profissionais terão sempre uma carreira ascendente, colhendo frutos financeiros e de auto-realização, como em qualquer outra profissão.Muda a percepção dos profissionais em relação ao ego e ao status profissional (Sem sombra de dúvida que as profissões de medicina ou direito nunca entrarão numa discussão como esta).Concluindo: nada muda.
*Prof. Ms. Juarez Monteiro de Rezende é graduado em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, mestre em Administração e Desenvolvimento Organizacional e doutorando em Administração de Empresas. É coordenador e professor do curso de Comunicação Social – Jornalismo e Publicidade e Propaganda – do Unis-MG. Também coordena e leciona na pós-graduação em Telejornalismo e Comunicação Empresarial e Marketing. Além disso, é consultor empresarial de Marketing, Comunicação, Marketing Interno, Marketing de Serviços e Relacionamento, Vendas, Motivação e Liderança. e-mail: [email protected].
Juarez, considero sua visão sobre o assunto muito pertinente.
A finalização ( nada muda ), porém pode conter uma armadilha para o desenvolvimento intelectual dos novos comunicadores.
Se esta mudança for considerada a nível não-periférico e sim global, ou seja, somada às novas mudanças de relacionamento proporcionado pelas novas tecnologias digitais (Blogs, Youtube, Interatividade Digital, etc) veremos então que os novos comunicadores com diploma teriam à disposição novos parceiros , os sem diplomas. Proporcionando assim a elaboração de novas técnicas de comunicação social.
Parabéns pela ampla visão democrática da questão.
Abs.