Repórter conheceu de perto as dificuldades da profissão e teve uma triste notícia, ao final da matéria
Quem bebe um cafezinho a toda hora, raramente se lembra do sacrifício que foi feito para ele estar ali, espantando o frio ou o sono. Principalmente nessa época em que nossa região o fruto é tirado do pé por colheita manual. A Folha de Varginha acompanhou alguns panhadores no cafezal no dia 13 de junho. Clique abaixo para ler mais.
A influência da bebida é tão grande que quando chega esse tempo de panha, toda a economia da cidade muda, muita gente deixa de trabalhar como faxineira, pedreiro ou doméstica, entre outras profissões, para ir para a lavoura. A rotina durante os três meses ou mais de colheita é a mesma: acordar cedo, organizar o que levar (o almoço, água, “colocar a roupa de briga”) e caminhar até o ponto, onde o ônibus passa. E ele vai cheio. A lavoura é perto da cidade, na estrada de terra que vai para Carmo da Cachoeira. Com bom humor a turma se divide pelas ruas e começa a encher os sacos que lá no final do dia são medidos. A medida é de 60 litros e dependendo da lavoura os apanhadores tiram de 3 a 8 medidas por dia. O pagamento é feito por quinzena trabalhada e todos possuem carteira assinada. Com neblina até dá para tomar um cafezinho antes de começar, evitando se molhar muito enquanto panha o café que, na Fazenda Santa Fé, alcança uns 4 metros de altura. Por isso o pessoal usa escada. Puxa daqui, quebra galho dali. A rua possui 700 pés de café, que demoram cerca de duas semanas para acabar. Alguns pés ainda servem de cabideiro, escoram os embornás e blusas. Na hora do almoço, a boia deixa de ser fria, seja por uma fogueira ou por uma boca de fogão improvisada (uma latinha com alcoól e fogo). E tem gente de toda idade, da turma de 40 panhadores, a mais nova tem 22 anos, a Ana Lúcia da Silva, que ajuda a mãe. Pretende retornar aos estudos no ano que vem e cursar psicologia. E o panhador mais velho é seu Joaquim Ciacci, 80 anos, que vai acompanhado da esposa dona Tereza Pinto Ciacci, 73 anos. Os dois são casados há 55 anos e têm sete filhos, que não são a favor desse trabalho. Os dois já são aposentados e segundo dona Tereza, eles vão porque gostam e não por precisão, “Graças a Deus”. Eles sentam nos primeiros bancos do ônibus e dificilmente faltam ao serviço. Seu Joaquim sobe na escada e os grãos que caem, com capricho, dona Tereza recolhe. Juntos panham normalmente cinco medidas por dia. Mas dona Tereza disse que esse vai ser o último ano, que vai para acompanhar seu Joaquim. Mal sabia o casal que realmente não só seria a última colheita como também o último dia na lavoura para eles. Seu Joaquim, na noite do dia 13, passou mal e ficou internado. Há um mês (16/6) veio a falecer. É com pesar que termino essa matéria, porém com muita admiração pelo seu Joaquim e dona Tereza que me cativaram. Pelo esforço, pela simplicidade e simpatia. O trabalhador do campo ainda é pouco valorizado. As mãos ficam calejadas, é necessário enfrentar o sol, o frio, a neblina, a chuva. E detalhe: mesmo com sacrifício não perdem a esportiva! O dia todo contam casos, piadas, cantam, assobiam, trocam experiências. É preciso além de saúde, disposição. Depois do trabalho duro, para tomar um cafezinho solúvel, espresso ou mesmo de coador, basta se ter o pó e água quente. A cada cafezinho dê ainda mais valor a esse momento.(Lilia Carvalho)
Agradeço pelos elogios, mas a matéria não seria tão boa se os personagens não fossem os melhores exemplos! Eu fiquei muito honrada em conhecê-los e também me emociono quando lembro daquele dia, em especial. A vida no campo é sofrida e tenho um exemplo na minha casa. Meu pai trabalhou com o casal e continua na colheita. Com certeza, minha vida está marcada por essa reportagem! E por um bom e belo motivo! E é por tais pessoas que a gente ainda acredita no amor, no trabalho honesto e que se cada um agisse assim, nosso mundo estaria bem melhor. Eu que no fim das contas levei crédito, agradeço carinhosamente!
Senhora reporter Lilia Carvalho, sou genro do senhor Joaquim e de Dona Tereza; voce foi muito feliz em sua reportagem a narrativa esta ótima. Estamos todos muito agradecidos e com saudades do senhor Joaquim.. muito obrigado pelo excelente trabalho publicado.
Márcio Aguiar
Sou neta Sr Joaquim Sra Teresa obrigada pela reportagem nossa familia ficamos muito emocionados .Parabéns Lili
Sou bisneta do Sr Joaquim e da D Tereza,estamos muito gratos da reportagem porque sera uma eterna recordaçao para familia deste exemplo de casal ,e da pessoa e vo maravilho que ele foi eternas saudades.Muito obrigado Llia.
Sou neta Sr Joaquim e Sra Tereza nos da familia ficamos muito emocionados com a reportagem .Parabéns Lilia Deus te abençoa sempre .
Feliz matéria Madeira. Amei!
Também gostei muito da matéria.
Concordo com algumas colocações, a vida no campo não é nada fácil.
Parabéns Lilia, devemos valorizar cada vez mais o homem do campo, falar de sua luta, das coisas simples, que mesmo apesar das mudanças que vemos a cada diz, ainda nos dão o prazer da convivencia. De fato, cada um ao tomar seu cafezinho na padaria,em casa ou um blend especial em uma cafeteria de shopping deveria dar valor e saber que para chegar ali , mãos habilidosas o colheram. Histórias como a narrada nos fazem lembrar das origens,meus avós maternos vieram da roça(região da palmela/mundo novo) e nessa lida contribuiram e muito para o progresso da região,como também seus filhos mais velhos.
Muito comovente a reportagem…Muitos não conhecem a rotina do trabalhador rural no Brasil. Acreditam que arroz, café, trigo, feijão, etc, dá no supermercado. Desconhecem o valor do homem do campo. Sou de família de gente da roça, criado no Leste de Minas, acostumado com a lida do homem do campo, afinal fui criado na roça, e trabalhei na roça durante muitos anos. As dificuladades são enormes, porem é gratificante. Parabens a todo trabalhador do campo, agricultor, pecuarista, retireiro…etc.
Sem o homem do campo, morre-se de Fome.
Vicente Lima Loredo
Santa Maria do Suaçui
Fazenda Murubau/Surubim
Mto legal a materia!!!
So corrigam o erro ortografico,o correto é :apanha de café e apanhadores.
Nota do blog: obrigado pelo elogio. Quanto ao erro ortográfico, preferimos usar a grafia informal, coloquial, utilizada pelos “panhadores” de café. Foi proposital.
Sr Joaquim e dona Tereza pessoas mais que especiais, gente boa, trabalhadores, humildes, honestos. Sr. Joaquim descanse em paz, o sr. merece pela pessoa bonissíma que o sr. foi.
Sr Joaquim e dona Tereza pessoas mais que especiais, gente boa, trabalhadores, humildes, honestos. Sr. Joaquim descanse em paz, o sr. merece pela pessoa bonissíma que o se. foi.
TAI UM EXEMPLO DE VIDA QUE DEIXOU SAUDADES !!!!!!!!!!!!!
PENA QUE O TRABALHADOR RURAL E TAO POUCO VALORIZADO …………..!!!!!!!!!!
Excelente sua reportagem, Lilia Carvalho. Narra o dia a dia dos “apanhadores” de café, gente simples mas decidida e trabalhadora, um exemplo para muito marmanjo desocupado. A parte triste que você narra é a morte de um dos apanhadores, seu Joaquim Ciacci, de 80 anos, que falaceu no dia l6/6 p.p. Aos familiares, nossos sentimentos.